Hoje vamos falar sobre um tema extremamente relevante dentro da equideocultura… A tão temida CÓLICA!
Antes de qualquer coisa precisamos esclarecer alguns pontos… Em algumas literaturas vocês podem se deparar com a seguinte classificação: cólica primária e cólica secundária, onde a primeira se refere a dor abdominal relacionada diretamente com o trato gastrointestinal e a segunda se refere a dor abdominal com origem em outros órgãos que não os do sistema digestório, como por exemplo a cólica renal.
No nosso caso, quando falamos em cólica, estamos nos referindo a dor abdominal com origem no trato gastrointestinal (cólica primária) cujas causas podem ser diversas e a qual o Cavalo é muito susceptível!
Estabelecido isso vem a pergunta que não quer calar!!! Porque a cólica ocorre tão frequentemente dentro da equideocultura??? E para responder isso vamos ter que conversar sobre anatomia e fisiologia!
Estudando a anatomia/fisiologia gastrointestinal dos equinos é possível identificar certas peculiaridades que favorecem a ocorrência deste distúrbio nesta espécie, dentre elas podemos citar:
1- Pequena capacidade volumétrica do estômago + Incapacidade de Vomitar
O estômago de um equino adulto tem capacidade de aproximadamente 8 a 15 litros, o que é considerado pouco se levarmos em conta tamanho de todo o trato gastrointestinal e a quantidade de alimento que este animal deve ingerir durante o dia, desta forma para que não ocorra distensão exagerada o ideal é que a alimentação dos equinos seja ofertada de forma fracionada durante o dia. Associado a isso devemos lembrar que o vômito, que pode ser considerado uma mecanismo de defesa em casos de dilatação gástrica, não ocorre em equinos, portanto qualquer dilatação gástrica pode gerar um quadro de dor aguda nos cavalos.
2- Intestino delgado longo + longo mesentério em jejuno
O Intestino delgado dos equinos tem em média 20 metros de comprimento, sendo que a porção mesentérica, ou seja, aquela livre na cavidade pode ter cerca de 18 metros. Sua grande extensão e a falta de fixação possibilitam a movimentação dessas alças o que em alguns casos podem gerar deslocamentos e torções, o que popularmente é chamado de “nó nas tripas” e que representa um tipo muito grave de cólica. A causa exata para esse tipo de acidente não é conhecida, porém alguns fatores predisponentes são conhecidos como, por exemplo, mudanças bruscas na alimentação, tempo excessivo em baia, excesso ou uso inadequado de alguns tipos de medicação, entre outras.
3- Áreas de redução abrupta de diâmetro em Intestino grosso + grande movimentação de líquidos
Para finalizar por hoje, vale falarmos um pouco de intestino grosso, o qual se estende desde terminação do íleo e entrada no ceco até o ânus. Durante todo esse trajeto que tem em média 8 metros existem algumas áreas onde o diâmetro das vísceras reduz de forma abrupta (especialmente na região das flexuras) essa redução associada a ingestão de alimentos de difícil digestibilidade, baixa ingestão de líquidos ou até mesmo ingestão de corpos estranhos, predispõe o equino a cólicas por obstrução as quais podem ter desenvolvimento agudo ou crônico, mas que invariavelmente causaram um quadro de cólica a qual pode variar desde um leve desconforto abdominal com resolução médica até casos graves de obstrução completa que exijam intervenção cirúrgica…. Mas esse já é assunto para outro post!